A compreensão da origem do Sistema Solar está diretamente ligada ao princípio da conservação do momento angular, que explica por que os movimentos de translação e rotação da maioria dos corpos celestes não são aleatórios, mas resultado das condições iniciais de formação (FRAKNOI; MORRISON; WOLF, 2017).
Segundo Picazzio (2011), evidências observacionais indicam que o Sistema Solar surgiu há cerca de 4,6 bilhões de anos, em um processo associado ao nascimento estelar. Esses dados sustentam a necessidade de teorias capazes de explicar suas propriedades físicas e dinâmicas. Entre os principais padrões observados estão:
• A coincidência dos sentidos de rotação e translação dos planetas e satélites com o movimento do Sol, chamado de “direto”;
• Órbitas quase coplanares à eclíptica, especialmente entre os planetas (exceto Mercúrio);
• Distribuição regular das distâncias heliocêntricas, como sugerido pela lei de Bode;
• Maior momento angular coletivo dos planetas em comparação ao Sol;
• Diferenças entre cometas de curto e longo período;
• Presença de anéis nos planetas gigantes;
• Diversidade química dos planetas, relacionada à distância heliocêntrica;
• Existência de pequenos corpos além da órbita de Netuno.
Teorias clássicas da formação
Diversos filósofos e cientistas buscaram explicar a gênese do Sistema Solar:
• Descartes (1644): propôs que o sistema teria se originado de turbilhões de matéria em movimento.
• Kant (1755): desenvolveu a Teoria da Nebulosa, sugerindo que nuvens de gás e poeira colapsaram sob a gravidade, formando estrelas e planetas (WILLIAMS, 2016).
• Laplace (1796): formulou a Hipótese Nebular, na qual uma nuvem em rotação se contraiu em disco, originando o Sol e os planetas.
Vale destacar que Kant e Laplace recorreram à mecânica newtoniana para dar forma matemática às suas propostas, mas enfrentaram críticas pela dificuldade em explicar a distribuição do momento angular entre o Sol e os planetas (FORBES, 2020).
Durante o século XIX, o modelo laplaciano foi amplamente aceito, embora permanecesse limitado justamente por esse problema do momento angular (WILLIAMS, 2016).
Evidências modernas
Com os avanços tecnológicos, foi possível verificar que o Sistema Solar se formou a partir de uma nuvem molecular — uma grande nuvem de gás e poeira fria e escura, rica em moléculas de hidrogênio (H₂), semelhante às que existem em galáxias espirais como a nossa (BISCH, 2012).
A descoberta de sistemas extrassolares reforçou a importância desses modelos, mostrando que existem configurações muito diferentes da nossa, como superterras e gigantes gasosos próximos às estrelas, o que amplia a compreensão sobre a diversidade de processos de formação planetária (FRAKNOI; MORRISON; WOLF, 2017).
Referências (ABNT)
BISCH, P. Astronomia: uma visão geral. São Paulo: Oficina de Textos, 2012.
FORBES, E. The history of astronomy. Cambridge: Cambridge University Press, 2020.
FRAKNOI, A.; MORRISON, D.; WOLF, S. Astronomy. San Francisco: OpenStax, 2017.
PICAZZIO, E. Astronomia e Astrofísica. São Paulo: Edusp, 2011.
WILLIAMS, M. History of the nebular hypothesis. Oxford: Oxford University Press, 2016.
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