quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

A Origem do Sistema Solar e a Conservação dos Movimentos

 A compreensão da origem do Sistema Solar está diretamente ligada ao princípio da conservação do momento angular, que explica por que os movimentos de translação e rotação da maioria dos corpos celestes não são aleatórios, mas resultado das condições iniciais de formação (FRAKNOI; MORRISON; WOLF, 2017).

Segundo Picazzio (2011), evidências observacionais indicam que o Sistema Solar surgiu há cerca de 4,6 bilhões de anos, em um processo associado ao nascimento estelar. Esses dados sustentam a necessidade de teorias capazes de explicar suas propriedades físicas e dinâmicas. Entre os principais padrões observados estão:

A coincidência dos sentidos de rotação e translação dos planetas e satélites com o movimento do Sol, chamado de “direto”;

Órbitas quase coplanares à eclíptica, especialmente entre os planetas (exceto Mercúrio);

Distribuição regular das distâncias heliocêntricas, como sugerido pela lei de Bode;

Maior momento angular coletivo dos planetas em comparação ao Sol;

Diferenças entre cometas de curto e longo período;

Presença de anéis nos planetas gigantes;

Diversidade química dos planetas, relacionada à distância heliocêntrica;

Existência de pequenos corpos além da órbita de Netuno.

Teorias clássicas da formação

Diversos filósofos e cientistas buscaram explicar a gênese do Sistema Solar:

Descartes (1644): propôs que o sistema teria se originado de turbilhões de matéria em movimento.

Kant (1755): desenvolveu a Teoria da Nebulosa, sugerindo que nuvens de gás e poeira colapsaram sob a gravidade, formando estrelas e planetas (WILLIAMS, 2016).

Laplace (1796): formulou a Hipótese Nebular, na qual uma nuvem em rotação se contraiu em disco, originando o Sol e os planetas.

Vale destacar que Kant e Laplace recorreram à mecânica newtoniana para dar forma matemática às suas propostas, mas enfrentaram críticas pela dificuldade em explicar a distribuição do momento angular entre o Sol e os planetas (FORBES, 2020).

Durante o século XIX, o modelo laplaciano foi amplamente aceito, embora permanecesse limitado justamente por esse problema do momento angular (WILLIAMS, 2016).

Evidências modernas

Com os avanços tecnológicos, foi possível verificar que o Sistema Solar se formou a partir de uma nuvem molecular — uma grande nuvem de gás e poeira fria e escura, rica em moléculas de hidrogênio (H₂), semelhante às que existem em galáxias espirais como a nossa (BISCH, 2012).

A descoberta de sistemas extrassolares reforçou a importância desses modelos, mostrando que existem configurações muito diferentes da nossa, como superterras e gigantes gasosos próximos às estrelas, o que amplia a compreensão sobre a diversidade de processos de formação planetária (FRAKNOI; MORRISON; WOLF, 2017).


Referências (ABNT)

BISCH, P. Astronomia: uma visão geral. São Paulo: Oficina de Textos, 2012.

FORBES, E. The history of astronomy. Cambridge: Cambridge University Press, 2020.

FRAKNOI, A.; MORRISON, D.; WOLF, S. Astronomy. San Francisco: OpenStax, 2017.

PICAZZIO, E. Astronomia e Astrofísica. São Paulo: Edusp, 2011.

WILLIAMS, M. History of the nebular hypothesis. Oxford: Oxford University Press, 2016.

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